Tutorial de Instalação: Gentoo Linux
Este tutorial apresenta um guia passo a passo para realizar uma instalação geral do Gentoo Linux.

Tutorial de Instalação do Gentoo Linux
Este tutorial apresenta um guia passo a passo para realizar uma instalação geral do Gentoo Linux, uma distribuição baseada em código-fonte que oferece máxima personalização e controle sobre o sistema. O Gentoo é conhecido por sua filosofia de compilar pacotes localmente de acordo com as preferências e otimizações do usuário, proporcionando um sistema altamente otimizado e customizável.[1][2]
Fluxograma dos principais passos para instalação do Gentoo Linux
Preparação e Conceitos Fundamentais
O que é o Gentoo Linux
O Gentoo Linux é uma distribuição que, ao contrário de distribuições binárias como Arch, Debian e outras, compila o software localmente de acordo com as preferências e otimizações do usuário. O nome Gentoo vem da espécie de pinguim conhecida por ser a mais rápida do mundo. A instalação não possui um programa instalador automatizado - você é o instalador, seguindo o abrangente Gentoo Handbook.[1:1][2:1]
Requisitos Prévios
Antes de iniciar a instalação, é necessário:[3]
- Criar um USB bootável com a imagem do Gentoo
- Fazer backup dos dados importantes
- Verificar conexão com a internet (preferencialmente cabeada)
- Conhecer detalhes do seu sistema (layout do disco, nomes dos dispositivos de rede, etc.)
Passo 1: Boot do LiveCD/USB
Download e Criação da Mídia de Instalação
Acesse o site oficial do Gentoo (gentoo.org) para baixar a imagem de instalação. Existem duas opções principais:[4]
- Minimal Installation CD: Imagem mínima para instalação via linha de comando
- LiveGUI USB Image: Imagem com interface gráfica para facilitar a instalação[4:1]
Para criar a mídia bootável no Linux:[3:1]
sudo dd if=gentoo.iso of=/dev/sdX bs=4M status=progress && sync
No Windows, utilize ferramentas como Rufus.[4:2]
Gentoo Linux boot screen showing system initialization and login prompt during the minimal installation phase.
Inicialização do Sistema
Após criar a mídia bootável, insira-a no computador e reinicie. Configure a BIOS para definir a mídia bootável como prioridade máxima de boot. Para sistemas UEFI, certifique-se de que o Secure Boot esteja desabilitado. O sistema iniciará e apresentará um prompt de login automático.[5][4:3]
Passo 2: Configuração de Rede
Verificação da Conectividade
Se o sistema estiver conectado a uma rede com servidor DHCP via cabo Ethernet, a configuração automática de rede provavelmente já foi estabelecida. Para testar a conectividade:[5:1][4:4]
# Testa conectividade básica
ping -c 3 1.1.1.1
# Testa HTTPS
curl --location gentoo.org --output /dev/null
Configuração Manual (Se Necessário)
Para conexões sem fio, utilize iwconfig
, wpa_supplicant
ou net-setup
para conectar. Se a conectividade HTTPS falhar, pode ser necessário acertar o horário do sistema:[3:2][5:2]
# Verificar e ajustar data/hora se necessário
date
ntpdate pool.ntp.org
Passo 3: Particionamento do Disco
Esquemas de Particionamento
O Gentoo suporta tanto sistemas BIOS/MBR quanto UEFI/GPT. Para este tutorial, focaremos no esquema UEFI/GPT, que é mais moderno e flexível.[6][7]
Terminal commands and outputs showing disk identification, partition listing, and mounting steps during Gentoo Linux installation.
Particionamento com fdisk/cfdisk
Primeiro, identifique os discos disponíveis:
lsblk
fdisk -l
Use fdisk
ou cfdisk
para criar as partições necessárias:[3:3][5:3]
Para um sistema UEFI típico, você precisará de:
- Partição EFI (512MB-1GB, tipo EF00): Para o bootloader UEFI
- Partição Swap (4GB, tipo 8200): Memória virtual
- Partição Root (restante do espaço, tipo 8300): Sistema de arquivos raiz
cfdisk /dev/sda
No cfdisk, navegue com as setas e crie as partições conforme necessário.[8]
Passo 4: Formatação das Partições
Criação dos Sistemas de Arquivos
Após o particionamento, formate as partições com os sistemas de arquivos apropriados:[3:4][7:1]
# Formatar partição EFI como FAT32
mkfs.fat -F32 /dev/sda1
# Criar área de swap
mkswap /dev/sda2
swapon /dev/sda2
# Formatar partição root como ext4
mkfs.ext4 /dev/sda3
Verificação das Partições
Confirme que as partições foram criadas corretamente:
lsblk
Passo 5: Montagem das Partições
Montagem do Sistema de Arquivos
Monte as partições nos pontos de montagem apropriados:[9][7:2]
# Montar partição root
mount /dev/sda3 /mnt/gentoo
# Criar e montar diretório boot
mkdir -p /mnt/gentoo/boot/efi
mount /dev/sda1 /mnt/gentoo/boot/efi
Gentoo Linux first boot screen showing system initialization messages and login prompt after installation.
Verificação das Montagens
Confirme que todas as partições estão montadas corretamente:
mount | grep gentoo
Passo 6: Download do Stage3
Escolha do Stage3
O Stage3 é um arquivo tarball que contém um sistema mínimo do Gentoo. Acesse o diretório de instalação:[10][11]
cd /mnt/gentoo
Download via Links Browser
Use o navegador de linha de comando links
para navegar até os mirrors do Gentoo:[5:4][9:1]
links https://www.gentoo.org/downloads/mirrors/
Navegue até a seção de arquivos Stage3 e escolha o apropriado para sua arquitetura. Para sistemas desktop, recomenda-se o "desktop profile". Os arquivos Stage3 geralmente têm entre 300-700MB.[10:1]
Alternativamente, use wget
se souber o URL direto:
wget <URL-do-stage3>
Passo 7: Extração do Stage3
Verificação de Integridade
Antes de extrair, verifique a integridade do arquivo baixado comparando com os hashes fornecidos.[12]
Extração do Tarball
Extraia o Stage3 preservando as permissões e atributos estendidos:[9:2][13]
tar xpvf stage3-*.tar.xz --xattrs-include='*.*' --numeric-owner
Este comando é crucial - as opções --xattrs-include
e --numeric-owner
garantem que todas as permissões do sistema sejam definidas corretamente.[9:3]
Passo 8: Configuração do make.conf
Importância do make.conf
O arquivo /etc/portage/make.conf
é fundamental no Gentoo, pois define como os pacotes serão compilados. Este é um dos aspectos únicos do Gentoo - a capacidade de otimizar compilações para seu hardware específico.[1:2][14][15]
Configurações Essenciais
Edite o arquivo make.conf:
nano /mnt/gentoo/etc/portage/make.conf
Configurações importantes incluem:[16][17]
# Otimizações do compilador (ajuste para seu processador)
CFLAGS="-O2 -march=native -pipe"
CXXFLAGS="${CFLAGS}"
# Número de jobs paralelos (núcleos + 1)
MAKEOPTS="-j9"
# USE flags básicas
USE="X gtk qt5 alsa pulseaudio networkmanager"
# Aceitar licenças (cuidado com esta configuração)
ACCEPT_LICENSE="*"
# Configuração de vídeo (ajuste conforme sua placa)
VIDEO_CARDS="intel nvidia nouveau"
Configurações Avançadas
Para usuários mais experientes, considere adicionar:[16:1]
- FEATURES: Como
parallel-fetch
,ccache
- PORTAGE_NICENESS: Para ajustar prioridade de compilação
- GENTOO_MIRRORS: Para especificar mirrors locais
Passo 9: Chroot no Novo Sistema
Preparação do Ambiente
Antes de fazer chroot, monte os sistemas de arquivos necessários:[18][19]
# Copiar informações DNS
cp --dereference /etc/resolv.conf /mnt/gentoo/etc/
# Montar sistemas de arquivos necessários
mount --types proc /proc /mnt/gentoo/proc
mount --rbind /sys /mnt/gentoo/sys
mount --make-rslave /mnt/gentoo/sys
mount --rbind /dev /mnt/gentoo/dev
mount --make-rslave /mnt/gentoo/dev
mount --rbind /run /mnt/gentoo/run
mount --make-rslave /mnt/gentoo/run
Entrando no Chroot
Entre no ambiente chroot:[18:1][19:1]
chroot /mnt/gentoo /bin/bash
source /etc/profile
export PS1="(chroot) ${PS1}"
Passo 10: Configuração do Portage
Sincronização da Árvore do Portage
Atualize a árvore do Portage (banco de dados de pacotes):[20][21]
emerge-webrsync
# ou
emerge --sync
Para sistemas com conexão rápida, o emerge --sync
via rsync é mais eficiente. Para conexões lentas, use emerge-webrsync
.[21:1]
Leitura de Notícias
Verifique notícias importantes do Gentoo:[18:2]
eselect news list
eselect news read
Passo 11: Seleção de Profile
Escolha do Profile Apropriado
Os profiles definem configurações padrão para o sistema. Liste os profiles disponíveis:[18:3][19:2]
eselect profile list
Para um sistema desktop, escolha um profile desktop:[18:4]
eselect profile set 5 # Exemplo: desktop/gnome
Atualização do Sistema Base
Após selecionar o profile, atualize o sistema:[18:5]
emerge --ask --verbose --update --deep --newuse @world
Este comando pode demorar significativamente, pois compila pacotes essenciais do sistema.
Passo 12: Configuração de Locale e Timezone
Configuração de Timezone
Defina o fuso horário do sistema:[18:6][19:3]
echo "America/Sao_Paulo" > /etc/timezone
emerge --config sys-libs/timezone-data
Configuração de Locale
Configure os locales do sistema:[18:7]
nano /etc/locale.gen
Descomente as linhas apropriadas, por exemplo:
en_US.UTF-8 UTF-8
pt_BR.UTF-8 UTF-8
Gere os locales:
locale-gen
Selecione o locale padrão:
eselect locale list
eselect locale set 4 # Exemplo para pt_BR.UTF-8
Atualize o ambiente:
env-update && source /etc/profile
Passo 13: Instalação do Kernel
Opções de Kernel
O Gentoo oferece várias opções para o kernel:[22][23]
- Kernel Binário (Recomendado para iniciantes):
gentoo-kernel-bin
- Kernel de Distribuição:
gentoo-kernel
- Kernel Manual:
gentoo-sources
com configuração manual
Gentoo Linux kernel configuration menu showing key options and compiler version during setup.
Instalação do Kernel Binário
Para facilitar, use o kernel binário pré-compilado:[8:1]
emerge --ask sys-kernel/gentoo-kernel-bin
Configuração Manual (Avançado)
Para usuários experientes que desejam personalizar o kernel:[22:1][23:1]
# Instalar fontes do kernel
emerge --ask sys-kernel/gentoo-sources
# Configurar kernel
cd /usr/src/linux
make menuconfig
# Compilar e instalar
make && make modules_install
make install
Passo 14: Configuração do fstab
Geração Automática do fstab
O Gentoo inclui a ferramenta genfstab
para gerar automaticamente o arquivo fstab:[24][25]
genfstab -U /mnt/gentoo >> /mnt/gentoo/etc/fstab
Configuração Manual
Alternativamente, edite manualmente o /etc/fstab
:[26][27]
nano /etc/fstab
Exemplo de configuração:
/dev/sda1 /boot/efi vfat defaults,nodev,nosuid,noexec 0 2
/dev/sda2 none swap sw 0 0
/dev/sda3 / ext4 defaults 0 1
Use UUID para maior confiabilidade:[26:1]
UUID=CBB6-24F2 /boot/efi vfat defaults,nodev,nosuid,noexec 0 2
Passo 15: Configuração de Rede
NetworkManager (Recomendado)
Para facilitar o gerenciamento de rede, instale o NetworkManager:[28]
emerge --ask net-misc/networkmanager
Adicione ao boot:
rc-update add NetworkManager default
Configuração Básica com netifrc
Para configuração mais simples:[29]
# Configurar interface ethernet
echo 'config_eth0="dhcp"' > /etc/conf.d/net
ln -s net.lo /etc/init.d/net.eth0
rc-update add net.eth0 default
Definir Hostname
Configure o nome do sistema:
echo "gentoobox" > /etc/hostname
Passo 16: Instalação do Bootloader (GRUB)
Configuração do GRUB para UEFI
Para sistemas UEFI, configure o GRUB adequadamente:[30]
# Adicionar suporte UEFI ao make.conf
echo 'GRUB_PLATFORMS="efi-64"' >> /etc/portage/make.conf
# Instalar GRUB
emerge --ask sys-boot/grub
Gentoo Linux installation step: configuring the bootloader as part of the setup process.
Instalação do GRUB
Instale o GRUB no sistema:[30:1]
grub-install --target=x86_64-efi --efi-directory=/boot/efi
Geração da Configuração
Gere o arquivo de configuração do GRUB:
grub-mkconfig -o /boot/grub/grub.cfg
Certifique-se de que aparecem mensagens como "Found linux image" e "found initrd image".[8:2]
Passo 17: Configurações Finais e Reinicialização
Senha do Root
Defina a senha do usuário root:
passwd
Criação de Usuário
Crie um usuário normal para uso diário:
useradd -m -G users,wheel,audio,video -s /bin/bash usuario
passwd usuario
Configure o sudo:
emerge --ask app-admin/sudo
visudo # Descomente linha %wheel ALL=(ALL) ALL
Limpeza e Preparação para Reinicialização
Remova arquivos temporários:
rm /stage3-*.tar.*
Saia do chroot e desmonte sistemas de arquivos:
exit
cd /
umount -l /mnt/gentoo/dev{/shm,/pts,}
umount -R /mnt/gentoo
Reinicialização
Reinicie o sistema:
reboot
Gentoo Linux boot process completion with login prompt ready for user input.
Remova a mídia de instalação quando solicitado. Se tudo correu bem, você verá o menu do GRUB e poderá fazer login no seu novo sistema Gentoo.
Considerações sobre OpenRC vs systemd
Durante a instalação, você terá que escolher entre OpenRC e systemd como sistema de init. A tabela abaixo apresenta uma comparação detalhada:[31][32]
Aspecto | OpenRC | systemd |
---|---|---|
Filosofia de design | Unix: faça uma coisa bem feita | Sistema integrado moderno |
Complexidade | Simples e direto | Mais complexo mas funcional |
Tamanho do código | Código pequeno e leve | Base de código extensa |
Compatibilidade | Portável para outros sistemas Unix | Específico para Linux |
Configuração | Scripts shell legíveis | Unit files estruturados |
Logs | Logs em texto plano | Logs binários (journald) |
Dependências | Poucas dependências | Mais dependências |
Performance | Boot rápido com paralelização | Boot otimizado por padrão |
Facilidade de debug | Fácil de debugar | Requer ferramentas específicas |
Uso de recursos | Uso mínimo de recursos | Uso moderado de recursos |
A escolha entre OpenRC e systemd é uma questão de preferência pessoal e necessidades específicas. O OpenRC é mais simples e segue a filosofia Unix tradicional, enquanto o systemd oferece mais recursos integrados e é o padrão na maioria das distribuições modernas.[32:1][31:1]
Pós-Instalação
Após a instalação bem-sucedida, você pode:
- Instalar ambiente gráfico: Como GNOME, KDE Plasma, ou XFCE
- Configurar USE flags específicas: Para otimizar pacotes conforme suas necessidades
- Personalizar kernel: Compilar um kernel customizado para seu hardware
- Configurar serviços adicionais: Como firewall, servidor SSH, etc.
O Gentoo oferece flexibilidade máxima, permitindo que você construa exatamente o sistema que precisa. O Gentoo Handbook oficial e a comunidade Gentoo são recursos valiosos para aprender mais sobre otimizações avançadas e resolução de problemas.[33]
Esta instalação básica fornece uma base sólida do Gentoo Linux funcional. A partir daqui, você pode explorar as extensas capacidades de customização que fazem do Gentoo uma distribuição única no mundo Linux.
https://www.tecmint.com/gentoo-linux-installation-guide/ ↩︎ ↩︎ ↩︎ ↩︎ ↩︎
https://gist.github.com/andrewward2001/bfe2f296d6486d2d4892c6de5587db1b ↩︎ ↩︎ ↩︎ ↩︎ ↩︎
https://fitzcarraldoblog.wordpress.com/2017/02/10/partitioning-hard-disk-drives-for-bios-mbr-bios-gpt-and-uefi-gpt-in-linux/ ↩︎
https://www.reddit.com/r/Gentoo/comments/1hwvu2i/installation_stage3/ ↩︎ ↩︎
https://devmanual.gentoo.org/eclass-reference/make.conf/index.html ↩︎
https://www.reddit.com/r/Gentoo/comments/1503rcb/hello_fellas_any_tip_to_improve_my_makeconf_file/ ↩︎ ↩︎
https://github.com/gentoo/portage/blob/master/cnf/make.conf.example ↩︎
https://www.youtube.com/watch?v=J7W9MItUSGw ↩︎ ↩︎ ↩︎ ↩︎ ↩︎ ↩︎ ↩︎ ↩︎
https://www.linkedin.com/pulse/gentoo-emerge-sync-via-git-daniel-meier ↩︎
https://www.reddit.com/r/Gentoo/comments/tgze7q/how_do_i_emerge_sync_less/ ↩︎ ↩︎
https://forums.gentoo.org/viewtopic-p-8813250.html?sid=de640c844a1aadc1be16bf118bf5bc8b ↩︎
https://www.reddit.com/r/Gentoo/comments/8yuip5/how_to_edit_etcfstab_correctly/ ↩︎ ↩︎
https://fitzcarraldoblog.wordpress.com/2021/03/04/using-networkmanager-in-gentoo-linux/ ↩︎
https://www.reddit.com/r/Gentoo/comments/tq88ch/whats_the_most_minimal_but_functional_network/ ↩︎
https://www.reddit.com/r/Gentoo/comments/1eu6zqs/where_do_i_install_grub_with_grub_install_for/ ↩︎ ↩︎
https://www.slant.co/versus/12956/12958/~systemd_vs_openrc ↩︎ ↩︎
https://www.reddit.com/r/Gentoo/comments/1bqcod0/openrc_vs_systemd_which_do_you_use/ ↩︎ ↩︎
https://www.reddit.com/r/Gentoo/comments/10g3dqg/the_importance_of_following_the_gentoo_handbook/ ↩︎