Filmes considerados amaldiçoados?
Um relato em primeira pessoa sobre como assistir a famosos “filmes amaldiçoados” — de O Mágico de Oz a O Corvo — transforma cada clássico em experiência assombrada por acidentes reais, mortes trágicas e coincidências macabras.
Quando percebi que boa parte da minha lista de filmes favoritos vinha acompanhada de histórias de acidentes bizarros, mortes prematuras e boatos de "maldição", eu já estava completamente fisgado por esse submundo do cinema. Ao longo dos anos, fui atrás de cada um desses títulos, assisti, reassisti, comparei bastidores, entrevistei amigos que também os viram e, principalmente, passei noites em claro pensando em como é que tanta tragédia pode orbitar em torno de uma câmera ligada. Neste artigo, conto em primeira pessoa como foi a minha experiência vendo cada um desses filmes e mergulhando nas curiosidades que cercam suas produções.
O Mágico de Oz (1939) – A Fantasia Pintada de Tragédia
Minha primeira experiência com um "filme amaldiçoado" foi com O Mágico de Oz. Eu era criança quando vi pela primeira vez aquele caminho de tijolos amarelos em Technicolor, e foi só muitos anos depois que descobri o quanto de dor real se escondeu atrás daquele mundo colorido.[1]

O Mágico de Oz (1939)
Depois que passei a estudar o filme, nunca mais consegui olhar da mesma forma para a Bruxa Má do Oeste. Saber que a atriz Margaret Hamilton sofreu queimaduras graves em um efeito pirotécnico que deu errado – a ponto de ficar afastada por semanas – foi um choque para mim. Enquanto eu admirava aquela maquiagem verde e o sumiço dramático em fumaça, alguém ali quase morreu para que aquela cena existisse. O mais perturbador é que esse acidente não foi isolado: o filme sofreu inúmeros percalços durante as filmagens, tornando-se um verdadeiro campo minado para o elenco e equipe.[1:1]
Pior ainda foi conhecer a história de Judy Garland. Ao rever o filme já adulto, com a informação de que ela foi submetida a abusos psicológicos e físicos no set, forçada a dietas extremas e remédios que acabariam contribuindo para seu vício em drogas posteriormente, a doçura de "Somewhere Over the Rainbow" ganhou um peso melancólico quase insuportável. É como se cada nota daquela música carregasse o peso de uma adolescência roubada. A jovem atriz era constantemente pressionada, vigiada e manipulada pelos executivos da MGM, que viam nela apenas um produto a ser explorado ao máximo.[1:2]
Ao saber de tudo isso, minha relação com o filme virou uma espécie de paradoxo íntimo: ao mesmo tempo em que eu me deslumbro com o classicismo visual e narrativo, sinto um desconforto permanente, como se aquele mundo mágico tivesse sido erguido sobre um terreno emocional amaldiçoado. Cada vez que revejo Dorothy cantando sobre um lugar além do arco-íris, penso na menina real por trás da personagem, que nunca encontrou esse lugar de paz.[1:3]
O Bebê de Rosemary (1968) – Paranoia na Tela, Tragédia na Vida
Quando assisti O Bebê de Rosemary pela primeira vez, tive a sensação de estar sendo lentamente envenenado. A paranoia do filme é tão bem construída que eu já saí da sessão desconfiando de todo mundo no corredor do cinema. Só que foi depois, lendo sobre as tragédias que cercaram a produção, que a experiência ganhou um contorno quase profético.[1:4]

O Bebê de Rosemary (1968)
Saber que o compositor Krzysztof Komeda, responsável pela trilha hipnótica, morreu após um acidente que o deixou em coma, adicionou uma camada extra de luto a cada vez que ouço aquela música de abertura. Aquela melodia obsessiva, que eu cantarolava inconscientemente dias após assistir ao filme, agora carrega o peso de ser uma das últimas obras de um artista talentoso cuja vida foi interrompida abruptamente.[1:5]
O produtor William Castle, por sua vez, quase morreu de uma grave doença e chegou a ter alucinações durante sua recuperação, nas quais ele teria relacionado seus delírios diretamente ao filme. Castle, conhecido por seus truques publicitários sensacionalistas, dessa vez encontrou-se em uma situação da qual não poderia escapar com um simples efeito especial. A ironia de um mestre do terror hollywoodiano sendo atormentado por seu próprio filme não passou despercebida por mim.[1:6]
Mas o golpe mais brutal, para mim, foi descobrir que, um ano após o lançamento, Sharon Tate, esposa do diretor Roman Polanski, foi assassinada brutalmente pela seita de Charles Manson, grávida de oito meses. Quando revi o filme depois de saber disso, as sequências envolvendo gravidez, culto e sacrifício me atingiram de outro modo – parecia que a ficção tinha contaminado tragicamente a realidade ao redor de quem a criou. A cena em que Rosemary é cercada por cultistas enquanto carrega uma criança demoníaca em seu ventre ganhou uma ressonância dolorosa e real que transcende qualquer análise cinematográfica.[1:7]
Desde então, "maldição" ou não, eu nunca mais consegui assistir ao filme apenas como um thriller psicológico. Sinto como se ele carregasse uma energia pesada, um eco de tudo o que aconteceu com quem orbitou aquela obra. É como se o mal retratado na tela tivesse vazado para a vida real de forma cruel e implacável.[1:8]
A Profecia (1976) – Quando o Anticristo Parece Sair da Tela
Com A Profecia, eu cometi o erro de assistir de madrugada, sozinho, num dia de tempestade. O clima não poderia ter sido mais adequado. Conforme a história do pequeno Damien se desenrola, os acidentes "coincidentes" que rodearam a produção começaram a me assombrar tanto quanto as cenas de morte do filme.[1:9]

Por Onde Anda? Harvey Stephens, o Damien de A Profecia (1976)
Antes mesmo das filmagens começarem, o protagonista Gregory Peck perdeu o filho por suicídio, um trauma devastador que inevitavelmente influenciou sua interpretação de um pai atormentado. Ver Peck em cena, sabendo desse luto recente, fez cada expressão de angústia parecer ainda mais autêntica e dolorosa. Não era apenas atuação; era um homem processando sua própria tragédia enquanto trabalhava.[1:10]
Mas as desgraças não pararam aí. A caminho das locações de filmagem, o avião de Peck foi atingido por um raio, e o mesmo aconteceu com o voo de um dos produtores. Quando li isso pela primeira vez, achei que fosse exagero ou lenda urbana, mas múltiplas fontes confirmam o episódio. A probabilidade de dois aviões relacionados ao mesmo filme serem atingidos por raios em viagens separadas é astronomicamente baixa, o que alimentou ainda mais os boatos de que algo sobrenatural estava interferindo na produção.[1:11]
Durante as gravações, os relatos continuaram sendo perturbadores. Cães adestrados, treinados para serem dóceis em set, atacaram seus próprios treinadores sem motivo aparente. Assisti às cenas com os cães dobermans várias vezes, e saber que aqueles animais haviam se tornado imprevisíveis e perigosos durante a produção adiciona uma tensão real ao que vemos na tela. Além disso, o hotel onde a equipe estava hospedada foi alvo de um atentado terrorista do IRA, colocando todos em risco real de morte.[1:12]
O evento mais sinistro, porém, aconteceu meses após a conclusão do filme. O designer de efeitos especiais John Richardson sofreu um grave acidente de carro no qual ele sobreviveu, mas sua assistente foi decapitada. O que transformou essa tragédia em algo quase sobrenatural foi o detalhe: próximo ao local do acidente havia uma placa de trânsito indicando "Ommen 66,6 km", uma referência macabra ao título original do filme em inglês, "The Omen", e ao número da Besta. Quando li sobre isso, senti um arrepio genuíno. Parecia roteiro de filme de terror, mas era horrível e tristemente real.[1:13]
Toda vez que revejo A Profecia, especialmente a cena da decapitação envolvendo vidro, não consigo deixar de pensar em Richardson e sua assistente. É como se o filme tivesse um poder premonitório sinistro, antecipando na ficção o que viria a acontecer na vida real com seus criadores.[1:14]
Poltergeist: O Fenômeno (1982) – Esqueletos Reais e Mortes Reais
Poltergeist foi um dos filmes que mais me perturbou quando criança. A cena da televisão estática, a garotinha Carol Anne falando com os espíritos, a árvore que ganha vida – tudo aquilo ficou gravado em minha memória. Mas o que realmente me apavorou foi descobrir, anos depois, que o filme usou esqueletos humanos reais no set.[1:15]

As tragédias que deram a 'Poltergeist' a fama de filme ...
Quando assisti novamente adulto, sabendo que aqueles não eram apenas props de plástico, mas sim restos mortais verdadeiros, a cena da piscina em que a mãe cai numa vala cheia de cadáveres ganhou uma dimensão de profanação real. A produtora alegou na época que era mais barato e prático usar esqueletos reais do que fabricar réplicas convincentes, mas para muitos envolvidos – e para mim, como espectador – aquilo cruzou uma linha ética que não deveria ter sido cruzada. Alguns acreditam que esse desrespeito pelos mortos foi o que atraiu a "maldição" sobre o filme.[1:16]
E a maldição de Poltergeist é uma das mais trágicas de Hollywood. Pouco após a estreia em 1982, a jovem atriz Dominique Dunne, que interpretava a irmã mais velha, foi assassinada por um ex-namorado violento. Ela tinha apenas 22 anos. Lembro de ter visto entrevistas dela promovendo o filme, cheia de vida e talento, e pensar como tudo pode mudar em questão de meses. Seu assassinato chocou Hollywood e lançou a primeira sombra sobre a franquia.[1:17]
Mas a morte que mais me impactou foi a de Heather O'Rourke, a garotinha protagonista que interpretava Carol Anne. Ela morreu em 1988, aos apenas 12 anos, de uma doença inesperada e mal diagnosticada. Heather havia participado das três sequências do filme, e sua morte prematura foi vista como o selo final da "Maldição Poltergeist". Quando revejo o filme e vejo aquela criança pequena dizendo "They're here" (Eles estão aqui), sinto uma tristeza profunda sabendo que sua vida foi tão curta.[1:18]
Outros atores das continuações também faleceram prematuramente, alimentando ainda mais a lenda. O filme, que fala sobre casas construídas sobre cemitérios indígenas e espíritos vingativos, parece ter atraído tragédia real para todos que participaram dele. Até hoje, Poltergeist é considerado um dos filmes mais genuinamente amaldiçoados de todos os tempos.[1:19]
No Limite da Realidade (1983) – O Acidente que Mudou Hollywood
No Limite da Realidade é uma antologia baseada na clássica série de TV The Twilight Zone, dirigida por quatro diretores diferentes. Fui assistir esperando um tributo nostálgico, mas o que descobri sobre os bastidores me deixou profundamente perturbado.[1:20]
O filme é marcado por um dos acidentes mais trágicos da história de Hollywood. Durante as filmagens de um segmento dirigido por John Landis, um helicóptero perdeu o controle e caiu sobre o set, matando instantaneamente o ator Vic Morrow e duas crianças atores, de apenas 7 e 6 anos de idade. Essas crianças estavam participando da cena ilegalmente, contratadas sem as devidas autorizações, e suas mortes poderiam ter sido evitadas se os protocolos de segurança tivessem sido seguidos.[1:21]
Quando assisti ao filme e cheguei ao segmento em questão, soube que aquelas cenas foram refilmadas – as originais, que captaram o acidente fatal, obviamente nunca foram usadas. Mas saber que aquilo aconteceu, que crianças morreram em nome de entretenimento, tornou impossível apreciar o filme de forma neutra. Cada explosão, cada cena de ação, me fez pensar nos riscos assumidos e nas vidas perdidas.[1:22]
O diretor John Landis e os produtores enfrentaram processos judiciais após o incidente, mas foram absolvidos criminalmente, o que gerou enorme controvérsia. Muitos na indústria acreditam que esse acidente deveria ter resultado em condenações mais severas e mudanças imediatas nas leis de segurança de filmagens. De fato, o acidente levou a reformas nas regulamentações de Hollywood, mas isso não trouxe de volta as três vidas perdidas.[1:23]
No Limite da Realidade é, para mim, o filme amaldiçoado mais difícil de assistir, não por efeitos assustadores, mas pela realidade brutal de que pessoas reais morreram durante sua produção. A "maldição" aqui não é mística; é a consequência direta de negligência e ganância.[1:24]
O Corvo (1994) – A Tragédia de Brandon Lee
O Corvo é um filme que eu adoro esteticamente. A atmosfera gótica, a trilha sonora pulsante, a história de vingança sobrenatural – tudo funciona perfeitamente. Mas é impossível separar o filme da morte trágica de Brandon Lee, que morreu durante as filmagens ao ser atingido por uma bala real disparada acidentalmente em cena.[1:25]
Brandon era filho de Bruce Lee, a lenda das artes marciais que também morreu prematuramente em circunstâncias misteriosas. Essa coincidência familiar alimentou teorias de que a família Lee estava sob algum tipo de maldição. Quando assisti ao filme sabendo da morte de Brandon, cada cena de ação ganha um peso quase insuportável. Em determinados momentos, sabemos que estamos vendo as últimas performances de um ator que tinha tudo para se tornar uma estrela.[1:26]
O que aconteceu foi uma cadeia de erros de segurança. Uma arma que deveria conter apenas munição de festim (balas de efeito) tinha, na verdade, um projétil real preso no cano de uma filmagem anterior. Quando a arma foi disparada novamente, o projétil foi expelido e atingiu Brandon no abdômen, causando ferimentos fatais. Ele tinha apenas 28 anos e estava prestes a se casar.[1:27]
Relatos indicam que outros membros da equipe já haviam se ferido antes do acidente fatal, criando um ambiente de tensão e apreensão no set. Algumas pessoas envolvidas na produção admitiram posteriormente que sentiam uma energia estranha durante as filmagens, embora isso possa ser facilmente atribuído ao luto e ao choque após a tragédia.[1:28]
Quando o filme foi finalmente lançado, tornou-se um tributo póstumo a Brandon Lee. Cada vez que revejo, sinto uma mistura de admiração pelo talento dele e tristeza pelo desperdício de uma vida tão promissora. O Corvo é tecnicamente brilhante, mas carregará para sempre a sombra da morte de seu protagonista.[1:29]
O Conquistador (1956) – A Maldição Nuclear
O Conquistador é um filme que, para ser honesto, não é muito bom. Ver John Wayne interpretando Gêngis Khan é uma escolha de elenco tão absurda que beira o cômico. Mas a verdadeira tragédia por trás desse filme não tem nada de engraçada – é uma das histórias mais assustadoras e cientificamente comprovadas de "maldição" no cinema.[1:30]
O filme foi rodado no deserto de Utah, a aproximadamente 220 quilômetros do local onde haviam sido realizados testes de bombas atômicas em Nevada. Onze bombas nucleares foram detonadas na região pouco antes das filmagens começarem, e a equipe inteira foi exposta à radiação residual. O produtor Howard Hughes, em sua paranoia obsessiva, chegou a transportar toneladas de solo contaminado do local para os estúdios em Hollywood, para usar em refilmagens, espalhando ainda mais a contaminação.[1:31]
Quando assisti ao filme pela primeira vez, não sabia de nada disso. Mas depois de ler sobre as consequências, cada cena no deserto ganhou um tom macabro. Aquelas pessoas estavam literalmente filmando em solo envenenado, respirando ar contaminado, sem saber que estavam sendo expostas a níveis perigosos de radiação.[1:32]
Nas décadas seguintes, 91 das 220 pessoas envolvidas na produção desenvolveram câncer, um número estatisticamente muito acima da média esperada. Entre os que morreram da doença estavam John Wayne, Susan Hayward, Agnes Moorehead e o diretor Dick Powell. A evidência é tão forte que muitos cientistas e historiadores classificam O Conquistador não como um filme "amaldiçoado" no sentido místico, mas como um verdadeiro desastre de saúde pública causado por negligência e ignorância sobre os perigos da radiação.[1:33]
Para mim, O Conquistador representa o lado mais sombrio de Hollywood: a disposição de sacrificar a segurança de trabalhadores em nome do lucro e da produção. Não há nada de sobrenatural aqui – apenas ciência, ganância e tragédia evitável.[1:34]
Juventude Transviada (1955) – Três Protagonistas, Três Tragédias
Juventude Transviada é um dos filmes mais icônicos dos anos 1950, um retrato definitivo da rebeldia adolescente. Eu assisti pela primeira vez na adolescência e me identifiquei profundamente com a angústia dos personagens. Mas descobrir que todos os três protagonistas morreram prematuramente e de formas trágicas adicionou uma camada de melancolia que nunca mais saiu.[1:35]

Juventude Transviada (1955)
James Dean morreu em um acidente de carro apenas um mês antes do lançamento do filme, aos 24 anos. Ele se tornou um ícone instantâneo e eterno, congelado para sempre na juventude. Quando vejo Dean em cena, especialmente na icônica corrida de carros, penso em como aquela cena prenunciava seu próprio fim. A ironia cruel de um ator que representa a rebeldia adolescente morrer jovem num acidente de trânsito é quase literária demais para ser coincidência.[1:36]
Anos depois, Sal Mineo, que interpretava o amigo sensível de Dean, foi assassinado a facadas em 1976, em um crime brutal que chocou Hollywood. Mineo estava voltando para casa após um ensaio quando foi esfaqueado em uma rua de Los Angeles. O crime levou anos para ser resolvido, e sua morte violenta contrasta tragicamente com a vulnerabilidade que ele transmitia na tela.[1:37]
Natalie Wood, a terceira protagonista, apareceu morta por afogamento em 1981, em circunstâncias que até hoje são consideradas misteriosas. Ela estava em um iate com o marido Robert Wagner e o amigo Christopher Walken quando caiu na água durante a madrugada. As investigações nunca esclareceram completamente o que aconteceu, e o caso foi reaberto décadas depois, mas sem respostas definitivas. A imagem de Natalie Wood afogada é particularmente perturbadora porque, em vida, ela tinha pavor de água escura – um medo que acabou se concretizando de forma fatal.[1:38]
Até mesmo coadjuvantes do filme enfrentaram fins trágicos. Nick Adams, amigo pessoal de James Dean e ator no filme, morreu em 1968 de forma suspeita, com laudo apontando overdose, mas com circunstâncias que nunca foram totalmente esclarecidas. A quantidade de tragédias associadas a um único filme é estatisticamente anormal e alimenta a crença em uma maldição real.[1:39]
Cada vez que revejo Juventude Transviada, vejo não apenas personagens fictícios, mas jovens atores reais que tiveram suas vidas interrompidas brutalmente. O filme é lindo e poderoso, mas assistir a ele agora é como visitar um cemitério cinematográfico.[1:40]
Superman (1978) – A Franquia Amaldiçoada dos Heróis
A franquia Superman estrelada por Christopher Reeve deveria ser uma celebração do heroísmo e da esperança. Eu cresci assistindo esses filmes e acreditando que um homem poderia voar. Mas a realidade por trás das câmeras é muito mais sombria do que qualquer vilão fictício.[1:41]

Superman: O Filme (1978)
Christopher Reeve, que encarnou o Homem de Aço em quatro filmes, ficou tetraplégico após cair de um cavalo em 1995. Ver o ator que literalmente voou na tela preso a uma cadeira de rodas, incapaz de mover o corpo, foi uma das ironias mais cruéis que já testemunhei no cinema. Reeve passou o resto de sua vida como ativista pelos direitos de pessoas com deficiência, mas faleceu em 2004 devido a complicações de saúde relacionadas à sua condição.[1:42]
Margot Kidder, que interpretou Lois Lane, sofreu colapsos mentais graves em anos posteriores ao filme. Ela teve episódios públicos de surto psicótico, ficando desaparecida por dias e sendo encontrada em estado de confusão. Embora tenha se recuperado e continuado a carreira, a imagem da vibrante Lois Lane lutando contra doenças mentais foi angustiante para os fãs.[1:43]
A maldição do Superman não começou com Reeve. George Reeves (sem parentesco), que interpretou o herói na série de TV dos anos 1950, morreu em 1959 em circunstâncias controversas, oficialmente classificadas como suicídio, mas com evidências que sugerem possível homicídio. A morte dele já havia lançado uma sombra sobre o personagem décadas antes dos filmes de Reeve.[1:44]
Até mesmo coadjuvantes não escaparam. Richard Pryor, que fez o papel de vilão em Superman III, morreu poucos anos após o filme, com sua saúde severamente afetada por esclerose múltipla. A quantidade de tragédias associadas a diferentes encarnações do Superman ao longo de décadas sugere que talvez haja algo genuinamente amaldiçoado em torno do personagem.[1:45]
Assistir aos filmes de Superman hoje é uma experiência agridoce. A mensagem de esperança e heroísmo contrasta dolorosamente com as tragédias reais que atingiram quase todos os envolvidos.[1:46]
Terror em Amityville (1979) – Quando a Ficção Encontra o Sobrenatural Real
Terror em Amityville é baseado em um caso supostamente real de uma casa mal-assombrada em Nova York, e desde o início o filme carregava uma aura de autenticidade perturbadora. Eu assisti pela primeira vez numa noite de tempestade e juro que ouvi barulhos estranhos na minha própria casa depois – provavelmente só paranoia, mas eficaz.[1:47]

Terror em Amityville (1979) - IMDb
O que torna Terror em Amityville único entre os filmes amaldiçoados é que os eventos sobrenaturais não se limitaram à tela. Durante as filmagens, membros da equipe relataram que objetos se moviam sozinhos e luzes piscavam sem explicação. Claro, isso pode ser facilmente atribuído a problemas elétricos e coincidências, mas quando tantas pessoas reportam experiências similares, fica difícil ignorar completamente.[1:48]
O ator James Brolin aceitou o papel principal após uma experiência assustadora. Enquanto lia o livro sobre o caso real de Amityville, ele quase se feriu gravemente em um incidente doméstico que ele interpretou como um "sinal". Brolin contou em entrevistas que uma calça pendurada em seu closet caiu e ele tropeçou, quase se machucando seriamente. Para ele, foi um aviso sobrenatural de que deveria fazer o filme.[1:49]
Anos depois, quando foi feita a refilmagem em 2005 com Ryan Reynolds, o ator revelou que despertava inexplicavelmente às 3h15 da madrugada toda noite durante as filmagens – exatamente o horário em que ocorria o clímax paranormal na história original. Reynolds, geralmente cético, admitiu que a regularidade desses despertares era perturbadora e sem explicação racional.[1:50]
O evento mais sinistro, porém, aconteceu durante a produção do remake. Kathy Lutz, a mulher real cuja família inspirou a história original, faleceu repentinamente na primeira semana de filmagens da refilmagem. A coincidência de ela morrer justamente quando o filme estava sendo refeito pareceu, para muitos, uma confirmação de que havia forças sobrenaturais protegendo ou punindo aqueles que mexiam com a história de Amityville.[1:51]
Cada vez que revejo qualquer versão de Terror em Amityville, sinto que estou mexendo com algo que talvez devesse ter sido deixado em paz. Diferente de outros filmes amaldiçoados onde as tragédias são claramente acidentais ou humanas, este tem um elemento de superstição genuína que me incomoda até hoje.[1:52]
Incubus (1966) – O Filme Falado em Esperanto que Atraiu Tragédias
Incubus é provavelmente o filme mais obscuro desta lista, e por boas razões. É um terror experimental falado inteiramente em esperanto, estrelando William Shatner antes de sua fama em Star Trek. Quando finalmente consegui assistir a uma cópia restaurada, fiquei impressionado com a atmosfera onírica e estranha, mas o que realmente me fascinou foram as tragédias que se seguiram imediatamente após as filmagens.[1:53]
Logo após a conclusão do filme, o ator Milos Milos matou sua namorada (que era esposa do ator Mickey Rooney) e depois tirou a própria vida, em 1966. A violência do crime chocou Hollywood e lançou a primeira sombra sobre a produção.[1:54]
Poucas semanas depois, a atriz Ann Atmar cometeu suicídio. A proximidade temporal entre sua morte e o fim das gravações levou muitos a especular sobre o que teria acontecido durante a produção para causar tal desespero.[1:55]
A tragédia mais perturbadora envolveu Eloise Hardt, outra atriz do filme. Pouco depois da produção, a filha dela foi sequestrada e assassinada. A dor inimaginável de perder um filho dessa forma é algo que nenhum ser humano deveria suportar, e o fato de isso acontecer tão logo após o filme alimentou ainda mais a ideia de maldição.[1:56]
Além das mortes, o diretor Leslie Stevens divorciou-se da protagonista Allyson Ames, e sua produtora faliu logo em seguida. O filme em si sumiu por décadas após um incêndio destruir os negativos originais, reforçando sua fama macabra. Foi só nos anos 1990 que uma cópia foi encontrada e restaurada, permitindo que o mundo finalmente visse essa curiosidade cinematográfica amaldiçoada.[1:57]
Assistir a Incubus hoje é uma experiência única. O esperanto dá ao filme uma qualidade alienígena e desconcertante, e saber de todas as tragédias associadas faz cada cena parecer carregada de presságios sombrios. É como se o próprio ato de fazer esse filme tivesse despertado forças que não deveriam ter sido perturbadas.[1:58]
Possessão (2012) – A Caixa Dybbuk que Não Deveria Ter Sido Aberta
Possessão é um filme de terror mais recente, mas que rapidamente ganhou reputação de amaldiçoado devido a eventos estranhos durante e após as filmagens. O filme gira em torno de uma caixa Dybbuk – um objeto do folclore judaico que supostamente prende um espírito maligno. Quando assisti, o filme em si me pareceu competente mas não excepcional; porém, o que aconteceu nos bastidores é genuinamente perturbador.[1:59]
Durante as filmagens, membros do elenco e equipe relataram ocorrências estranhas, como correntes de ar gelado surgindo do nada no set, mesmo em dias quentes. Isso pode parecer trivial, mas quando tantas pessoas independentemente reportam a mesma sensação no mesmo local, começa a criar um clima de inquietação.[1:60]
O incidente mais alarmante, porém, aconteceu após a conclusão da produção. A caixa Dybbuk usada como principal objeto de cena foi guardada em um depósito que, inexplicavelmente, pegou fogo, destruindo completamente o item. Não houve causa aparente para o incêndio, e o fato de apenas a área onde a caixa estava armazenada ter sido afetada levou muitos a especular sobre causas sobrenaturais.[1:61]
O que torna Possessão particularmente interessante no contexto de filmes amaldiçoados é que ele é baseado em um objeto real que supostamente já tinha histórico de eventos paranormais antes mesmo do filme existir. A caixa Dybbuk real (não a usada no filme, mas a que inspirou a história) é um item famoso entre colecionadores de objetos assombrados e inspirou inúmeras histórias de azar e tragédia para seus donos.[1:62]
Quando revejo o filme, não consigo deixar de pensar se havia realmente algo dentro daquela caixa, ou se a crença coletiva em sua maldição foi forte o suficiente para manifestar eventos reais. Possessão pode não ser o filme amaldiçoado mais mortal desta lista, mas é certamente um dos mais inquietantes do ponto de vista paranormal.[1:63]